Mastodon

O Impacto das Redes Sociais nas Eleições: Um Olhar Sobre o X (Antigo Twitter) e a Segurança Digital

No Brasil, com a aproximação do segundo turno das eleições municipais de 2024, questões sobre segurança digital e o papel das redes sociais no processo eleitoral tornaram-se tópicos centrais.

O Impacto das Redes Sociais nas Eleições: Um Olhar Sobre o X (Antigo Twitter) e a Segurança Digital

Nas últimas décadas, as redes sociais tornaram-se o principal meio de comunicação para milhões de pessoas ao redor do mundo. Com o crescimento da internet e sua acessibilidade global, essas plataformas não são mais apenas locais para compartilhar momentos pessoais, mas se transformaram em arenas de discussões políticas, disseminação de informações e, infelizmente, desinformação. No contexto eleitoral, a importância das redes sociais é ainda mais evidente, já que influenciam diretamente o comportamento e as escolhas dos eleitores.

No Brasil, com a aproximação do segundo turno das eleições municipais de 2024, questões sobre segurança digital e o papel das redes sociais no processo eleitoral tornaram-se tópicos centrais. Recentemente, Edilson Osório Jr., fundador e CEO da OriginalMy, uma empresa de soluções em blockchain e segurança digital, concedeu uma entrevista ao programa Jornal da Manhã da Jovem Pan, discutindo essas preocupações. A seguir, exploraremos alguns dos principais pontos da conversa e como eles se conectam ao cenário mais amplo de política, tecnologia e segurança da informação.

Redes Sociais e o Controle das Narrativas

As redes sociais, como o X (anteriormente conhecido como Twitter), tornaram-se grandes protagonistas no cenário político moderno. Durante a entrevista, Edilson Osório Jr. destacou como essas plataformas fundamentam-se na distribuição de conteúdo, onde quem controla as narrativas acaba, de certa forma, controlando o que se passa na mente das pessoas. Isso é especialmente verdadeiro em períodos eleitorais, quando candidatos e campanhas políticas utilizam as redes para transmitir suas mensagens e influenciar a opinião pública.

Um ponto de destaque da entrevista foi a ênfase de Edilson sobre como a população, em sua maioria, não se preocupa mais em verificar a fonte original das informações. Em vez disso, consomem o que aparece de forma "bem envelopada", mesmo que essa informação contenha apenas pontos parciais de verdade ou seja completamente falsa. Este é um grande problema no atual ecossistema digital, onde a desinformação corre solta e as bolhas de filtro (ou seja, comunidades fechadas onde as pessoas só consomem conteúdos que confirmam suas crenças pré-existentes) limitam o acesso ao contraditório e à pluralidade de opiniões.

O X e o Desafio da Polarização

Com a recente reintrodução do X no Brasil após um período de suspensão, muitas discussões giram em torno de como a plataforma pode influenciar o segundo turno das eleições municipais. Na entrevista, Edilson falou sobre o impacto do retorno da plataforma e como as ações de seu proprietário, Elon Musk, têm contribuído para uma maior polarização.

O X, sob a liderança de Musk, tem se tornado uma plataforma onde um lado político – mais especificamente, a direita – possui maior voz, enquanto a esquerda se vê cada vez mais suprimida. Segundo Edilson, essa polarização se intensificou, a ponto de muitos usuários de esquerda deixarem o X e migrarem para outras plataformas, como BlueSky e Nostr. Ele afirma que isso já não é uma tendência futura, mas uma realidade, o que transforma o X em uma plataforma politicamente inclinada para um único lado.

Essa concentração de uma narrativa singular em uma plataforma global é preocupante não apenas em termos de liberdade de expressão, mas também em relação ao impacto que isso pode ter na disseminação de desinformação. Se apenas um lado político tem voz, o contraditório, que é vital para uma sociedade democrática saudável, é suprimido, e os usuários acabam presos em bolhas de desinformação e conteúdo parcial.

A Falta de Engajamento nas Redes Sociais e os Riscos para Candidatos

Outro ponto levantado na entrevista foi a falta de presença de determinados candidatos nas redes sociais, o que pode impactar diretamente suas campanhas. No caso das eleições municipais de São Paulo, Edilson destacou que o atual prefeito Ricardo Nunes, por exemplo, não tem grande presença ou engajamento nas redes sociais, ao contrário de seu oponente, Guilherme Boulos. Segundo Edilson, essa ausência digital representa uma falha na estratégia de Nunes, que não conseguiu cultivar uma comunidade que o apoie ativamente nas plataformas digitais.

Com o crescente uso das redes sociais como ferramenta de comunicação política, a ausência digital pode ser um fator decisivo para a vitória ou derrota de um candidato. O eleitorado, especialmente os jovens, busca informações e interações diretas com os candidatos nas plataformas sociais, e aqueles que não estão presentes ou não sabem como se comunicar eficazmente perdem a oportunidade de engajar e mobilizar eleitores.

O Desafio da Segurança Digital

Além do papel das redes sociais na comunicação política, outro aspecto crucial abordado por Edilson foi a segurança digital. Em um mundo onde a desinformação é disseminada rapidamente e as campanhas podem ser influenciadas por fake news, garantir a integridade das informações é fundamental. Edilson, como CEO de uma empresa focada em soluções de blockchain, sabe bem da importância de sistemas seguros e confiáveis para a preservação da verdade e da transparência no processo eleitoral.

A tecnologia blockchain, por exemplo, pode ser uma solução para muitos dos problemas atuais relacionados à verificação de informações. A capacidade de registrar transações e dados de forma imutável e transparente poderia ser usada para garantir a autenticidade de informações divulgadas nas redes sociais, evitando a disseminação de fake news e protegendo a integridade do processo eleitoral.

Transcrição da Entrevista

Aqui está a transcrição completa da entrevista com Edilson Osório Jr., concedida ao programa Jornal da Manhã da Jovem Pan:


Soraya Lauand (apresentadora): Eleições americanas em novembro, e aqui no Brasil nos aproximamos do segundo turno das eleições municipais de 2024. Cresce também a preocupação com a segurança digital. Sobre esse assunto, vamos conversar agora com o fundador e CEO da OriginalMy, Edilson Osório Júnior. Muito bom dia, Edilson, obrigada pela entrevista. Queria que você falasse sobre esse cenário de tecnologia que envolve agora uma grande preocupação com a segurança digital. Vimos aqui no Brasil, no primeiro turno, a internet como grande protagonista. Agora, com o retorno do X (antigo Twitter) ao Brasil, como você vê a importância dessa rede social e como ela pode impactar a escolha do eleitorado no segundo turno?

Edilson Osório Jr.: Primeiramente, bom dia. Bom dia à audiência da Jovem Pan. As redes sociais hoje se fundamentam na distribuição de conteúdo, e quem controla a maior parte das narrativas acaba controlando o que acontece na cabeça das pessoas. Vimos isso acontecer de forma muito forte no primeiro turno das eleições municipais, onde um dos candidatos dominou a forma de conversar com as pessoas através das redes sociais. Isso, ao empurrar informações, sejam falsas ou verdadeiras, tem muito poder, porque grande parte da população não se preocupa mais em procurar a fonte original da informação. Dá muito trabalho, e muitas vezes você não encontra facilmente essa fonte em canais rápidos, como jornais ou revistas, sendo necessário garimpar essas informações na internet.

As pessoas acabam consumindo aquilo que vem muito bem "envelopado", com alguns pequenos pontos de verdade, mas, muitas vezes, a informação final não é verídica. Isso faz com que as pessoas consumam conteúdo falso e o empurrem adiante dentro das suas bolhas. Mudou a forma de criar e disseminar informações falsas, e isso é um ambiente super complicado e desafiador.

Rafael Colombo (apresentador): No caso do X, o fato de o dono da rede social ter uma posição política muito clara, apoiando determinados políticos e sendo contrário a outros, pode ser um agravante para o impacto da plataforma nessas eleições?

Edilson Osório Jr.: Especificamente no caso do X, ele conseguiu mudar o formato de distribuição de informação. Houve uma polarização muito grande, especialmente entre direita e esquerda, e grande parte da esquerda deixou o X, mesmo antes das sanções promovidas pelo Superior Tribunal Federal. O dono da rede, Elon Musk, é muito influente e tem interesses claros, tendo dito abertamente que vai utilizar a plataforma para ajudar na candidatura de um determinado candidato. Hoje, dentro do X, um lado tem voz e o outro lado é quase suprimido. Isso é muito ruim quando falamos em liberdade de expressão e consumo de informação, já que, agora, com a migração de pessoas para outras redes, está tudo muito mais pulverizado. Precisamos procurar a fonte da informação em diversos canais, como BlueSky e Nostr, porque a polarização no X fez com que ele se tornasse um espaço de voz predominantemente de um lado.

Luana Tavares (comentarista): Edilson, bom dia. Essa migração de usuários de esquerda, somada à posição clara de Elon Musk à direita, poderia transformar o X numa plataforma politizada com público quase exclusivo de direita? Isso pode levar a uma perda de relevância da plataforma ao longo do tempo?

Edilson Osório Jr.: Acredito que isso já está acontecendo, na verdade. Acompanhar canais de todos os lados é importante para filtrar o que é verdade e o que foi exagerado por uma bolha ou outra. Mas, de fato, a esquerda perdeu expressão no X, migrando para outras redes. A presença da direita no X é muito forte, e Elon Musk promove isso. Já existe uma espécie de "clube de exclusividade" para a direita, o que é muito ruim, pois essas bolhas consomem apenas o conteúdo que lhes agrada, sem contraditório.

Diogo da Luz (comentarista): Edilson, falando agora das eleições municipais, com a informação de que boa parte da esquerda deixou o X, Ricardo Nunes, que não é um sujeito ativo na plataforma, pode enfrentar dificuldades por isso? O X terá relevância nessas eleições?

Edilson Osório Jr.: Acho que o retorno do X agora pode ter acelerado o processo de evasão da esquerda. Sobre Ricardo Nunes, ele tem pouca expressão nas redes, enquanto Guilherme Boulos, por outro lado, tem muito mais presença e sabe se comunicar melhor. A campanha de Nunes não se empenhou suficientemente nas redes, e ele não cultivou uma comunidade que o acompanhe constantemente, o que é essencial nas redes sociais. Isso representa uma falha da campanha e do próprio candidato.

Entrevistadora: Edilson Osório Júnior, fundador e CEO da OriginalMy, muito obrigada pela sua participação e um ótimo domingo.

Edilson Osório Jr.: Obrigado, bom domingo.


Conclusão

A entrevista de Edilson Osório Jr. trouxe à tona questões críticas sobre o impacto das redes sociais nas eleições, a polarização crescente em plataformas como o X e os desafios que isso representa para a democracia. À medida que avançamos no cenário digital, é essencial que tanto os eleitores quanto os candidatos estejam cientes das dinâmicas em jogo, buscando informações de múltiplas fontes e valorizando a segurança digital.

A capacidade de discernir o verdadeiro do falso nas redes sociais será cada vez mais importante para garantir um processo eleitoral justo e transparente. E, nesse sentido, o papel das novas tecnologias, como o blockchain, pode ser um divisor de águas na luta contra a desinformação.

Send sats if you liked.

⚡️eddieoz@sats4.life